Um ótimo exemplo do que é um ponto de cultura pode ser dado contando a história do Projeto Caminhos. Criado pela Mãe Eleonora o projeto tem como finalidade principal difundir a Cultura Afro-brasileira rompendo uma barreira histórica que há muito vinha impedindo que os trabalhos e a Cultura de terreiro ultrapassassem os muros e ganhasse as ruas, desenvolvendo assim, uma relação com as diferenças acentuadas. A estratégia foi estabelecida em 2006 quando em visita ao então Departamento de Cultura, a Mãe Eleonora, cheia de energia, apontava as falhas do Poder Público que não reconhecia Matriz Africana e suas Culturas como Política Público. Na ocasião discutimos que a saída seria apresentar às pessoas o lado da Cultura que o público estava preparado para receber e só depois de conhecer a dança, os movimentos, as vestimentas, a música, a origem e os instrumentos que davam o ritmo de toda essa cultura as pessoas respeitariam qualquer movimento afirmativo relativo a causa do negro. Com o apoio da então Diretora de Cultura Sandra Fagundes, começamos a trabalhar com uma frase bastante comum, mas que para aquele momento era o combustível que a estratégia precisava: "Ninguém ama aquilo que não conhece!". E assim teve início uma batalha. Foram muitos os enfrentamentos através do projeto de formação de público ao qual demos o nome de Hortolândia é Cultura e no qual presenciamos pessoas virando as costas para as apresentações e se retirando do local. Vimos o grupo ser recusado por alguns outros espaços... Mas deu-se início a uma conquista que colocou Hortolândia no circuito das cidades que tinha um movimento consistente e real de luta contra a intolerância e o preconceito.
Hoje o Projeto Caminhos tem o grupo Oju Oba, conhecido em toda a RMC e reconhecido pelo MinC, a grife Criolê e o Miss Beleza Negra que acontece em um evento de iniciativa do Projeto; o Grito Cultural.
Assim, vimos um Ponto de Cultura ser construído e reconhecido pelo Governo Federal.
Contei tudo isso porque o Programa Hortolândia Escola Viva é constituído por Pontos de Cultura e porque os mais de trinta pontos parceiros desse programa estão escrevendo sua história nas páginas do livro da vida de Hortolândia.