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domingo, 9 de janeiro de 2011

Ano Novo!

O céu se ilumina e em festa, os fogos dançam e cantam anunciando a chegada de um novo ano. Com os pés bem fincados no chão, nós contemlamos maravilhados enquando tampamos os ouvidinhos da Maria Vitória que não para de se assustar com os tiros.
Conviver com a família e festejar o nascimento do menino Jesus e em seguida o nascer de um novo ano recebendo os abraços e palavras carregadas de afeto impulsionam e projetam-nos para uma nova e desconhecida jornada. E se por um lado sabemos o que queremos e desejamos para o ano vindouro, temos por outro a dúvida de que seremos ou não atendidos. Não porque fazemos planos impossíveis de serem alcançados, mas por sabermos que não somos controladores do nosso destino embora muitos acreditem que são. Nós mesmos, aqui em casa, planejamos passar o ano de 2011 em plena tranqüilidade e sem surpresas em relação ao tratamento da Léo. Afinal, acreditávamos que por estarmos integrados às políticas de tratamento da Unicamp, saberíamos sempre como as coisas correriam. Engano nosso. No primeiro dia útil do ano, recebemos a informação de que a Léo seria internada para receber uma nova carga de quimioterapia. Não nos surpreendeu o fato de ter que tomar a químio, mas a urgência como isso acontecera.  E um ano tranqüilo e planejado foi por água a baixo.
Penso que um ser humano precisa apanhar muito para entender os desígnio de Deus. O criador não nos dá o controle de todas as coisas. Ele nos dá o direito de escolher os caminhos que queremos seguir. Na maioria das vezes entendemos e prevemos quais são as conseqüências dessas decisões mas em outras estamos de olhos vendados. Aí, precisamos ser conduzidos por Ele.
Chegamos na Hematologia meio sem graça e preocupados com o julgamento que receberíamos por ter evadido da última vez. A primeira frase que ouvimos foi:
- O bom filho à casa torna!
Essa foi a afirmação que uma das enfermeiras fez questão de fazer ecoar no corredor frio do Hemocentro.
Nos três primeiros dias, tivemos algumas alterações no quadro dela mas nada de tão complicado. Depois de ter tido pré-eclanpsia, sempre em acontecendo alterações de pressão, mas controlável. O que nos chateava era o fato de não termos tido, um dia sequer, recebido a visita da médica responsável pelo plantão. Sra. Camila já é uma conhecida nossa de outros momentos do tratamento. Ela nos atendeu quando a Léo fazia o tratamento com ABVD. Agora ela está na Hematologia e eu queria muito falar com ela. Montei um plantão também e fiquei aguardando o momento em que poderia interpelá-la. Quando a vi, fui correndo ao seu encontro:
- Dra. Camila! Preciso falar contigo um minuto, pode ser?
- Claro! Pode falar!
- Estamos com alguns problemas e não temos conhecimento do procedimento que a você está adotando. Nesses três dias não tivemos sua visita no leito em que a Léo está e isso tem deixado ela com muitas dúvidas.
- Nos estamos em número muito pequeno e está sendo difícil dar conta. Mas quais são as dúvidas?
- Hoje sua pressão está em 19/10 e não foi medicada por que não havia um prescrição sua, Dra.
- Então, eu estava aguardando a receita para saber qual medicamento ela estava tomando.
- Mas nós já mostramos a receita para a equipe de enfermaria pela manhã, se não chegou até você temos que descobrir o que aconteceu. Tem mais. O ciclo menstrual dela está no final e em vez de baixar o sangramento está aumentando.
- Eu pedi ao pessoal que desse à ela o anti concepcional que temos aqui, mas ela disse que tomava o Yaz, e esse não temos. Ela precisa voltar a tomar as pílulas regularmente, como fazia antes da gravidez, ninguém informou a vocês?
- Não Dra., infelizmente!
- Ela voltando a tomar, o ciclo será interrompido. O aumento no fluxo é por que as plaquetas estão em baixa por causa da Qímio.
- Todas essas informações que você está me dando são muito esclarecedora mas preciso te pedir que converse com a Léo. Ela está muito confusa e uma boa conversa entre vocês ajudará a tirar esse grilos da cabecinha dela. Por favor! Fale com ela! Eu agradeceria muito se isso acontecesse.
- Farei isso.
De fato ela o fez. Foram mais ou menos meia hora de conversa com a Léo e isso restaurou o humor dela. Humor esse que seria alterado com uma novidade que não queríamos que acontecesse. A previsão de alta foi alterada em função de uma piora nos rins. Essa químio mexe muito com os rins e com essa alteração ela teria que ficar mais alguns dias. A partir de então, a Léo não se alimenta direito, teve uma queda brusca de pressão e seu emocional ficou muito abalado.
Assim está sendo 2011 e assim será por alguns meses mais. Tenho tido muito apoio dos amigos e familiares, mas confesso que tenho medo de não aguentar e pirar de repente. Sei que isso não aconteceu ainda porque tenho a Maria Vitória para cuidar. Não sei o que seria de mim se não tivesse, todas as manhãs, o sorriso banguela de minha filha para iluminar cada um dos meus dias. Sei que relato o máximo de informações aqui na tentativa de desabafar com vocês, mas tem muita coisa que não dá ficar comentando, pequenas coisas, diga-se de passagem. Mas vão minando nossas forças a ponto de querermos entregar as armas. Deus tem me dado discernimento para encarar cada um desses problemas de frente e, dia após dia, ir vencendo e lutando, cada dia uma nova batalha de uma guerra que só Deus sabe quando terminará.

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