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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A peruca e a quimioterapia II

Já relatei em texto anterior a importante ligação entre a peruca e a quimioterapia. Aconteceu novamente.Essa ligação se revelou quando esperávamos para os exames de rotina que a Léo teria que fazer depois da fatídica internação. Antes, preciso dizer que todo o tratamento, nesses últimos seis meses, aconteceu sem causar nenhum dano aos cabelos da Léo. Algumas pessoas chegam a duvidar que ela tem a doença.
- Ah! Seis tão de brincadeira!
Gostaríamos de estar. Mas infelizmente é verdade, como é verdade que não caiu o cabelo.
Já ensaiamos varias possibilidades, caso o cabelo caísse.
E, há três dias os fios vem aparecendo aos montes nos lençóis e travesseiros. Mais cedo ou mais tarde isso aconteceria.
Então... Como dizia antes, estávamos aguardando o atendimento, quando chegou a Jéssica. Pra quem não se lembra, ela comprou uma peruca e não havia usado até então. Mas, depois de um bom tempo sem encontrarmos com ela, eis que surge a Jéssica. A peruca estava finalmente sendo usada. Os mais de mil e quinhentos reais, enfim, teriam uma finalidade. E o mais interessante é que depois de um breve bate papo, descobrimos que esse mês venceria a ultima prestação da peruca. Ainda Mais interessante foi descobrir que as duas que antes não tinham perdido cabelo, se encontraram bem na semana em que estavam passando por situação semelhante.
A Léo achou legal a peruca da Jessica mas prefere não usar.
- Quero um lenço bem bonito, amor!
Entre as brincadeiras e as coincidências fica marcada a expressão da Léo quando, sentada à mesa, Olhou bem nos meus olhos e perguntou:
- Não notou nada de estranho em mim hoje, amor?
Eu fiz várias tentativas, mas errei todas.
- Meu cabelo está caindo.
Tentei rapidamente explicar que já esperávamos por isso e que estávamos preparados.
Sei que é muito mais fácil pra mim. Eu não estou perdendo cabelos, pelo menos não tão rápido. Entendo a dor de uma mulher, que estima tanto suas madeixas, vendo-as cair aos montes, dia após dia. Não há consolo que apague a tristeza dessa perda. Mas me surpreendo com a força da Léo. Ela vê e fala disso com muita tranquilidade, pelo menos aparente. Tenho tido muito orgulho da mulher que escolhi para ser mãe de minha filha. Sei que ainda temos muito a trilhar, mas me sinto mais seguro tendo uma guerreira a frente da batalha. Tem um susto aqui, outro alí, mas pouco a pouco vamos vencendo, batalha por batalha.

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